ACORDAR...
Vivo na penumbra com a sombra por amiga
Onde os corpos se rendem ao dom da escuridão
Tornei-me um felino no meu caos de anfitrião
Que vê como se fosse dia as feridas da intriga
Adormeço na noite como qualquer mortal
Sonho nas horas em que a ausência me reclama
Transformo gélidos momentos numa chama
Trituro sentimentos com sabor a sal
Acordar é um simples acto de face em movimento
Sem expressão e desalinhado com o vento
No vácuo onde habito e os dias vou contando
Há espaço para me erguer de braços entreabertos
Na curta dimensão de passos rudes e incertos
Onde é sempre noite e a vida me vai levando