Será possível amarmos plenamente



Seria possível que amassemos plenamente?
Sinceramente não creio.
 
Isto, em hipótese nenhuma, desqualifica o Amor ou desqualifica o humano, pelo contrário. Exatamente porque somos, quando conseguimos ser, humanos é que nos é impossível amar em totalidade e em toda pureza.
 
Somos animais, gostemos ou não, somos seres neuronais, aceitemos ou não, e o amor é algo bioquímico concordemos ou não. Somos parte o que nascemos e somos também em parte o que a vida e o viver de nós fizeram. Somos o que queremos, muito menos do que somos o que experimentamos, o que sofremos, o que aprendemos, o que aceitamos, o que sublimamos, o que nos induziram ser ou nos catequisaram. Não posso esquecer que não somos únicos, somos muitos, e somos de mente plasticamente mutável, graças a um cérebro também mutável, cuja fisiologia dinâmica se reestrutura continuamente criando, desfazendo ou reforçando ligações, assim somos hoje um pouco diferentes do que ontem fomos, e o reflexo da bioquímica da vida é assim também um pouco diferente, dia a dia, e o amor é também assim diferente.
 
Amar plena e totalmente implicaria em um cérebro muito diferente do que a evolução nos moldou, implicaria em que o que nos tornamos, baseado no que nascemos e no que nos transformamos fosse ideal, fosse perfeito e fosse assim irreal. Mas exatamente o que seria ser perfeito ou ideal? Perfeito para que? Ideal por quê? Estas qualidades jamais serão universais, sendo introspectivas e variando ao longo do tempo, do espaço geográfico e das classes sociais e culturais. A realidade nos fez reais, assim falhos e limitados, animais por nascimento e evolução. O Amor é uma construção, uma busca, uma decisão e a sua perfeição é um estado utópico que deve ser buscado, mas que jamais será alcançado.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 22/07/2013
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