[Delírio]

Resolvi em ‘delirar’ mais um pouco hoje. Comemorar a volta de uma estação, o Outono. Apesar de toda ‘preocupação’ para com a natureza, ela continua fiel e cíclica e linda...

Eis novamente o Outono; brisa suave, sol manso, chuva brava...folhas amarelas de Outono, prenúncio do frio, do abrigo...

Enfim, fui pega por um golpe de vento leve e delirei, enlouqueci...

E abri meu baú, fiz um recorte, rasguei frases, dividi palavras...Enlouqueci !

“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Não sou idêntica a mim mesmo

sou e não sou ao mesmo tempo,

no mesmo lugar e sob o mesmo ponto de vista

Não sou divina, não tenho causa

Não tenho razão de ser nem finalidade própria:

Ou a própria lógica circundante

Já estou daquele jeito

Que não tem mais concerto

Ou levo você pra cama

Ou desperto

Que importa o sentido

Se tudo vibra?”

21#03#2007 16:34