DA COPA DE UMA ÁRVORE VEJO O MUNDO...
De respirar ofegante se fazem os meus dias
Sinto o universo a tombar como fruta apodrecida
Os dias calmos que amansavam a minha vida
São fontes degradantes de onde pingam as orgias
Subo à copa de uma árvore onde vejo o mundo
Ouço ao longe o mar que muda de humor com as luas
Tudo o que era meu, feito de coisas tuas
Foi reduzido ao monte de escombros mais profundo
O nascer e o pôr-do-sol que eram cenários tão belos
Amantes aos olhos de tão enternecidos zelos
São hoje fugazes momentos que olhamos de revés
Vejo planícies surreais sem traje nem boas novas
Os pássaros perdem força no entoar das suas trovas
E eu morrerei na mudança das marés