HÁBITO

Quase um hábito!

Filha única,
de pais com trilhões de irmãos!

Filhos do mesmo pai e mãe,
todos filhos da...

Puxaram nada igual,
mas todos bem sem sal,
falta tempero,
nestes meus tios e tias.

Me tira e te atiro um tiro,
não zombem de mim!

Sou carente,
inocente!
Vai, vai acreditando...

Hábitos,
alguns bem sagrados,
outros,
bem sangrentos.

É, pois já chorei lágrimas de sangue,
pode acreditar.

já repararam os vasinhos na minha face?

Pois é, de tanto chorar e forçar, vomitar...

Quase virei freira,
me internaram num colégio interno.

Minha liberdade de ser,
foi presa,
presa lá dentro.

Porque sou e serei livre sempre,
mas acreditem,
quase fui irmã,
irmã Regina,
imaginem a cena,( risos...)
eu, dentro de um hábito.

Sabiam que sou rezadeira?

Sou sim!

Acredito muito na reza,
pois sou uma mulher de fé.

O mundo precisa de muitas,
muitas orações,
este hábito eu tenho e só,
detesto rotinas!

Quase virei freira,
pois fui enclausurada
e até que gostei,
pois gosto da minha companhia,
e dele, (o espelho) adoro!

Espelho...
meu objeto preferido.

Gosto muito da solidão,
de estar só comigo mesma,
de rezar,
de pensar,
de escrever,
de pintar,
o sete, principalmente!

Cantar e dançar,
dançar e cantar...

De preferência,
enclausurada,
de frente ao meu amigo reflexo.

Pois sou sem ninguém,
sou sem nexo,
mas tenho um tempero,
meu próprio reflexo,
sem ti ti ti...

Sem ser,
sem côncavo
e convexo,
sem hábito.


Regina Zamora