NÃO LEIAM O QUE ESCREVO...

Sei que por vezes sou assaltado por pensamentos surrealistas

Que deviam ser banidos de uma sociedade contemporânea

Moderna, liberal, vanguardista

Porque eu abordo temas como a fome

A clareza com que se manobra a prepotência

O esmagamento do todo enquanto ser humano

O ladrão que já nem a sua casa consegue saquear

Fantasias que são abortos extraídos do ventre da irrealidade

Por isso não leiam o que escrevo

Porque não passam de falsidades contra os bons costumes

Merecedoras de ser analisadas por um cérebro da psicanálise

Não sou muito dado a sonhos nem a pesadelos

Pelo que tudo o que emito carrega sobre mim a voz da consciência

Os meus gritos são como os do último louco que fugiu da psiquiatria

Os meus braços que abraçam a criança que chora

São as tenazes registadas no livro do anti patriotismo

Os meus olhos que incidem sobre a miséria que grassa nas ruas

São fotografados para ser exibidos no horário nobre

Mentiras, vexames, invenções de quem pensa em contra poder

Corro o risco de ser acusado de espionagem mental

De sabotador do pensamento de quem tudo arrasa

Por isso não leiam o que escrevo

Pensem apenas no que escrevo

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 12/08/2013
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