Um pouco de verdade

sempre escrevem sobre coisas bacanas, coisas legais, bonitas... alegrias, amores...

mas eu não. pelo menos não por hoje, não agora. o que eu vou falar não é nem um pouco bonito,

nem um pouco alegre, e muito menos amável. mas quer saber? é o que eu sinto.

no momento eu estou um turbilhão, e é tudo ao mesmo tempo. angustia, raiva, dor, tristeza, insatisfação,

repugnância... nada bonito. talvez não seja uma das melhores ideias dividir isso. definitivamente não é uma boa

ideia ler isso. não tenho dinheiro pra psicólogo, dai vir parar aqui. também não teria com quem me abrir agora,

pelo menos não do jeito que eu preciso.

uma das coisas que você precisa entender antes de tudo é: provavelmente, você não vai entender nada do que eu digo.

mas isso não é tão ruim assim... pelo menos você não é um louco.

bem, antes de chegarmos até aqui, o agora... até que era bonito sim.

ontem.

'amar é uma arte, mas nem todos são artistas'

renato russo.

sábio era o renato. eu demorei pra entender essa frase. lembro bem que passei o dia inteiro com ela martelando minha cabeça,

até chegar a noite, quando eu debati a frase com o criador da própria. eu achava que o amar era algo da natureza humana...

acreditava que era algo que nem todos colocavam em prática, nem todos sabiam amar, mas que eram todos capazes. hm, coisa boba

de alma de artista sonhador. engraçado é que a gente sofre, sofre, leva na cara, mas não cansa... a gente acredita piamente

que em algum lugar desse mundo existe alguém que merece a nossa confiança, merece um pedaço da gente.

temos dentro de nós um pouco dos históricos amantes e poetas. há lá no fundo, um pouco raso, a crença naquele amor incondicional,

aquele amor fiel aos poemas que tentam descreve-lo. simplesmente nos perguntamos 'por que não?', por que não existiria? esse era o amor.

não existia outro, tinha que ser esse, tinha que ser assim, ou não seria. 'amor quando é amor não definha e até o final das eras

há de aumentar. mas se o que eu digo for erro e o meu engano for provado então eu nunca terei escrito ou nunca ninguém terá amado.'

William Shakespeare. seria simplesmente isso.

depois de um tempo, e de tantas coisas que ouvi e vi... talvez esse seja o mal. o ser portador do incrível e maior sentimento divino,

leva consigo a maldição das piores crueldades. o ser que é capaz de rir, é capaz de chorar, de curar e de ferir, de construir e destruir,

de dar a luz a uma vida e de tirar também, é capaz de amar e de odiar.