Seu amor pesado me prende ao solo

Ela andava pela calçada, já era tarde, já era escuro, já era frio, já era tudo, tudo o que um dia foi, já era.

Aquela saudade que doía o peito, as mãos, e como as mãos doíam! O nó na garganta parecia aumentar a cada segundo, e não se desfazia. Nem as lágrimas se desfaziam, nem com aquele choro engasgado que ela soltava enquanto se arrastava pela rua, pareciam nós.

Se arranhava, arranhava por toda garganta, tentava tirar, doía cada vez mais, nada saía.

Tudo o que ela tinha, era dele, ela não tinha mais nada a oferecer, nada que ela doasse, ou que ele pensasse, nada iria mudar os fatos.

Nada bastava, sempre faltava mais.

Ela nunca conseguia alcançar o dia em que andariam juntos pela calçada, o dia em que sua garganta não doesse mais.

E olhando os ladrilhos do chão ficando para trás, ou a si mesma ficando para trás, a cada passo. Não só passos ficavam, mas como um pouco de sua alma, mas ela tinha uma alma tão grande, que poderia escalar montanhas e ainda assim continuar seguindo em frente.

Thabata Guerra
Enviado por Thabata Guerra em 13/04/2007
Reeditado em 09/05/2007
Código do texto: T447565
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