Hoje cedo

Depois de tanto escrever e apagar em um documento do Word, eu resolvi sair de dentro daquele quarto e abandonar o notebook por algumas horas. Precisava de ar, precisava de natureza e pessoas desconhecidas mesmo que apenas para observar.

Levantei-me, apanhei meu moleskine e uma caneta e caminhei em direção a um pequeno parque próximo à minha casa. Era sábado de manhã e o dia estava lindo, mas alguma coisa ainda me incomodava. Comprei um copo de açaí e me sentei com fones no ouvido para observar.

“Hoje cedo quando eu acordei e não te vi, eu pensei em tanta coisa, tive medo. Ah, como eu chorei, eu sofri em segredo. Tudo isso hoje cedo” dizia Pitty em uma de suas parcerias musicais. Refletir me atormentava. Todas as vezes, sem exceções, que eu reservava alguns minutos sem querer para pensar sobre minha vida era certo que eu ficaria triste. E ali, sentada na grama sendo banhando pela luz do sol matinal, eu pensava sobre um pouco de tudo, mas meu pensamento resolveu, mais uma vez, pairar sobre um assunto que eu tentava fingir afastar e que sempre me pegava de surpresa em momento como aquele.

Já havia se passado seis meses e era engraçado como eu ainda não tinha escolhido outra coisa e vivido para ela enquanto ele tinha realmente seguido seu “lema” e feito isso. Eu chego a rir, até mesmo enquanto escrevo, porque é quase inacreditável... Parecia que aquele motivo tinha sido apenas uma desculpa. Talvez por ele ter achado alguém mais interessante, talvez por estar cansado da minha instabilidade, talvez por algum motivo que eu não saiba.

Um dia eu havia perguntado a ele porque ainda estava comigo e ele mudou de assunto. Insisti e ele disse “talvez eu não saiba a resposta”. Bom, aí estava! Tudo já estava se perdendo... (Talvez ele tinha me deixado por causa dessa minha paranoia também).

Caminhei de volta para casa, me sentei no canto da cama e chorei. Sim, eu costumo ser assim. Chorar me alivia às vezes. Depois de um tempo enxuguei as lágrimas e peguei o celular porque uma mensagem havia chegado. Notei, para a maior tristeza, que era dia 25 de um mês qualquer... Dia 25 um dia foi importante pra ele e pra mim, pra um “nós” que juramos ser pra sempre e que acabou assim, do nada, como havia começado.

A mensagem era do meu melhor amigo me chamando pra ir ao cinema. Arrumei-me e saí.

Era dia 25, eu estava no cinema com um garoto, me diverti até, mas, por mais que comparações sejam feias, meu melhor amigo nunca seria ele e nada seria tão bom como era.

Me pergunto o que ele pensa ou faz agora, se a cada dia 25 ainda lembra de Rock of Ages ou de mim... Mas de que importa? “Não quero uma namorada que repita de ano”, ele disse. “Não quero alguém que não se importa com os estudos”, ele falou. Mas será que esse idiota não entende? EU NÃO COMPREENDO EXATAS. Eu tento, tento e tento. Mas não entra na minha cabeça todos aqueles números e fórmulas.

Talvez ele tenha feito certo em acabar. Quem iria aguentar a inconstância de uma artista? Talvez eu deva ficar assim, sozinha e dramática. Talvez eu deva achar motivos pra sofrer e assim acordar a inspiração às vezes. Ou talvez eu só deva ficar quieta e parar de falar nada com nada.

Talvez... Eu... Não sei, não sei.

Debora Santos
Enviado por Debora Santos em 11/09/2013
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