O dinheiro, os sonhos e a visão.

O dinheiro me assusta porque no meu sonho de criança só havia uma casa pequena, o sol e uma árvore, os pais estavam de mãos dadas e as crianças brincavam de bola. Nem poste tinha por perto, mas a família do meu sonho desenhado era feliz na casinha de uma só janela em que ela mal cabia.

Não havia aparelho de ar-condicionado, shopping, lanchonetes, eles não precisavam disso. Bom, hoje eu não sou um graveto, como no meu sonho desenhado, mas ainda penso que não preciso de nada além daquilo que eu colocava naquela folha de papel.

A bola bem que podia ser um saco de açúcar cheio de folhas da árvore e amarrado; realmente não precisava ter energia. Brinquei "de bola" nessas condições quando criança quando ia pro interior e em nenhuma vez marca alguma, ou qualquer que fosse a programação televisiva me fez falta.

Nunca gostei de me apegar ao desnecessário. Nasci nu, roupa pouco importa. Comi em casa do feijão que meu pai plantava, restaurantes não me fizeram falta. Não nasci dirigindo, posso caminhar. O útero é quente, ainda hoje a frieza do ar-condicionado é dispensável.

Alguém pode chamar de "maior conforto", e não discordarei, apenas digo que não vale a pena discutir, adoecer e discriminar por conta desse conforto e tampouco isso é condição imprescindível para uma vida feliz.

Então, se você leu até aqui, permita-me te dizer uma palavra amiga: Não deixe que as cédulas te ceguem.