ENQUANTO HOUVER UM CAMINHO...
Não te ouço…
Ou mais contundentemente, não te quero ouvir
Enquanto houver um caminho
Enquanto houver mares e oceanos
Rios, margens e florestas
Pássaros a chilrear como se chamassem por nós
Não te quero ouvir falar da morte
Como se fosses comprar um ingresso para a sessão das nove
Enquanto houver um caminho
Enquanto as flores glorificarem a Primavera
E as folhas de Outono nos adornarem o regaço
Não quero ouvir-te dizer que a vida é um beco sem saída
Não quero oferecer-te um lenço para limpares lágrimas
Empedernecidas num regato de sequidão contínua
Enquanto houver um caminho
Quero que os teus olhos vislumbrem
O pôr-do-sol dos anoiteceres de Verão
Ou as chuvas de Inverno a aninharem-se nos teus ombros
Enquanto houver um caminho
Trilha-o como se fosse um passo na tua vida.