luzes e cores
Ipê, ipê roxo. Tão tímido que lisaseou-se meio a tanta correria e indiferença. Cabeças erguidas e galhos caídos, cores fracas em meio a pouca franqueza. Braços e mãos dadas de corpos mais coloridos que o verde de suas folhas. Luzes ofuscantes de sua beleza natural, a trazer à cidade uma artificialidade naturalmente bela, mas que por aparente incompatibilidade com a própria natureza, incompreendida se tornou.
Luzes brancas, coloridas por acrílicos, cortinas, cores de paredes refletidas, vidros, as luzes amarelas, as luzes coloridas, empilhadas ou em fileiras, amontoadas ou ordenadas ritmicamente, encantadoras estrelas do silêncio dos seriais abatidos pelo sistema que rege esse céu. Justo ou injusto, seja qual for o ponto de vista, dançam todas eles, dançam nesse espetáculo luminotecnicamente luminoso, reinado pela alegria do sol ou pela harmoniosa escuridão do anoitecer. Ritmados de ordem óbvia ou sinuosamente nebulosa e obscura por uma regra intangível, tecem de luz toda a linha do tempo com seus questionamentos, contentadas frustrações temporárias, belo e, se olhado de cima, fazem um único sentido: sobreviver.