LAPSO DE REALIDADE

Naquele dia você descortinou sua alma

Um canto desconhecido dela

Levantou o véu da burca

Que encobria uma face cruel

Deixou aparecer seu lado sombrio

Desses que todos nós juramos não tê-los

E lutamos uma vida a escondê-los

E eu mergulhado na idealização

Cego não percebia

Inebriado a sonhava pura

Parecia tomada de algo sinistro

Incubada de um espírito soturno

Você tinha um olhar lascivo

Carregado de um prazer notívago

Boca de palavras frias

Suas vestes de santa

Num segundo converteram-se em farrapos

Seus traços outrora finos

Tornaram-se mero esboço

Sem complacência

Vazia de benevolência

Querendo apenas competir e vencer

Subir ao pódio e sentir os louros

Seus olhos apenas enxergavam o espelho

Somos todos diferentes

Mas nossos caminhos convergem para a noite dentro de nós