Um ser qualquer

Enjoei de seu cheiro repetidamente irritante. Daqueles cheiros que entram nas narinas, agarram nas entranhas e se antes fazia me seduzir, agora só sabe me sufocar. Desgostei do sabor dos seus beijos que antes me tiravam suspiros, hoje não fazem diferença. Não sinto falta de nada que venha de você. E se antes você me trazia amor, hoje não traz nada. Nem nojo, nem falta. Nenhum sentimento meu merece mais sua atenção. Você morreu em mim, e seu velório foi triste, doloroso, mas passou. Acabou. Enterrado e sepultado. Fim.

Se eu me lembro de seu corpo? Aquele que eu acariciava sem fim? Aquele que envolvia em meus braços e eu te aprisionava afim de nunca te deixar sair? São os mesmos braços que hoje te empurram para longe de mim. São os mesmos que dizem não a sua presença. São os mesmos braços feridos, marcados pelos seus arranhões e suas mordidas que lutam contra você. Se esqueceram do amor e de tudo aquilo que eu sentia. São braços cansados, tristes e amargurados. Não buscam se envolver a mais ninguém. Tampouco se lembra como se faz isso. No fundo sei que eles possuem razão. E você sabe disso também. Agora sabemos melhor que todos. Agora, só agora você entendeu que um dia eu te amei. Um dia distante perdido nas areias do tempo que nunca irá voltar. Mesmo que você queira, nada disso irá mudar.

Um dia eu te amei. Um dia eu me importei. Um dia eu sorri. Um dia distante que eu não quero de volta. Nem sequer vale a pena ser lembrado ou falado. E se você hoje vive com ilusões de um 'NÓS', saiba que um dia eu também senti isso. Há um tempo atrás, em minha mente, existia um NÓS. O que você fez com ele muito importa agora, pois se trata de algo que eu nunca mais quero pra mim. É difícil apenas amar, assim como é fácil só ser amado. Assim como eu sofria, e você gargalhava. Hoje o revés, porém sem sorrisos, pois isso você também tirou de mim.

Apenas se lembre que você me matou aos poucos. Me matou envenenado com seu amor. E hoje, meu coração não pulsa mais para amar. Não pulsa para sequer te desprezar. Realmente, quando olho para mim vejo um cadáver, e até aonde eu saiba, não é possível amar um.

Marçal Morais
Enviado por Marçal Morais em 14/10/2013
Reeditado em 24/10/2013
Código do texto: T4525402
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