DE BRAÇOS ABERTOS...

Divergências

Sentidos opostos no ser e no parecer

Amores que resvalam pelo corrimão da agonia

Palavras que esmagam outras palavras

Em sobreposição constante no volume crescente

Acendo um cigarro

Que esbarra no som autoritário da crítica velada

A tosse

Os dedos de cor desfigurada

As paredes pardacentas ocultam o tom de origem

O dinheiro que se gasta

E que daria para distribuir ração aos peixes do lago vizinho

Os odores que viajam por uma sala que deveria cheirar a jasmim

Impaciências de um de dia

De frustrações e cálculos mal digeridos

Descarregados sobre o colo que se desejaria fosse o abrigo

Os prazeres não se limitam ao sexo

Nem à audição de uma valsa que nos faça sonhar com Viena

Um dia…

Não interessa se a prazo médio ou longínquo

Se hão-de verter lágrimas de saudade

Já não há fumos nem dedos amarelados

Já não flutuam os cheiros que marcavam uma presença

As paredes voltaram a ter o tom alvo de outrora

O corpo da discórdia voou de braços abertos.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 17/10/2013
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