DE BRAÇOS ABERTOS...
Divergências
Sentidos opostos no ser e no parecer
Amores que resvalam pelo corrimão da agonia
Palavras que esmagam outras palavras
Em sobreposição constante no volume crescente
Acendo um cigarro
Que esbarra no som autoritário da crítica velada
A tosse
Os dedos de cor desfigurada
As paredes pardacentas ocultam o tom de origem
O dinheiro que se gasta
E que daria para distribuir ração aos peixes do lago vizinho
Os odores que viajam por uma sala que deveria cheirar a jasmim
Impaciências de um de dia
De frustrações e cálculos mal digeridos
Descarregados sobre o colo que se desejaria fosse o abrigo
Os prazeres não se limitam ao sexo
Nem à audição de uma valsa que nos faça sonhar com Viena
Um dia…
Não interessa se a prazo médio ou longínquo
Se hão-de verter lágrimas de saudade
Já não há fumos nem dedos amarelados
Já não flutuam os cheiros que marcavam uma presença
As paredes voltaram a ter o tom alvo de outrora
O corpo da discórdia voou de braços abertos.