EU QUERIA GRITAR

Hoje já não é tão difícil falar sobre o que aconteceu, mas as cenas que se refazem em minha mente ainda causam a queda de certas lágrimas. Quando a superação foi necessária, a purificação aconteceu, assim acreditava eu... Mas como tapar a cratera que se abriu se a dor não passa..? Em meu peito já não me sufoca a aflição. Entretanto, eu queria gritar! Gritar de dor, pra ver se ela me abandona como muitos me abandonaram quando eu gritei por socorro... Ou quando eu revelei a verdade no momento em que todos prefiriam a mentira porque gostavam de ser enganados. Será que gostavam? Não importa. Não quero a dó de ninguém. Aliás, da dó tenho tentado me afastar. Não, eu não preciso dela! Eu perdoei o imperdoável. Eu ultrapassei barreiras. Eu emocionei de orgulho quem não acreditou em minhas capacidades... mas será que consegui? Que elogios são estes que me fazem? De que vale o âmago límpido se a base que o carrega não já não aguenta comigo seguir..? De que adiantou superar a destruição que os montros fizeram se os pilares ainda tremem..? Eu tentei me fortalecer, mas os meus ossos não se regeneraram... Eu tentei suportar o peso do fardo, mas... Meus ossos rangem e, ensurdecem-me. Meu corpo cede à inquietude. Eu queria gritar...