A noite
A noite é assim: maliciosamente, por natureza, propícia aos encontros, e, traiçoeiramente, por essência, acolhedora dos desencontros, principalmente das almas e dos desejos. Acho que tudo isso, nela, me fascina. E ainda sua ambiguidade. O caráter envolvente e instável. Sua personalidade bipolar, talvez. Sua discrição perante a essência da humanidade, incapaz de destacar os erros, as escorregadelas, as fraquezas, mas mestra em amplificar, em seu silêncio, até os mais frágeis sons... os suspiros de esperança, os sussurros de prazer, quiça, até, os risinhos de lembranças.