CASÓRIOS

ESTÓRIAS NA CERIMONIA DE UM CASORIO.

A pompa da cerimônia enchia os olhos da gente, ficando até mesmo esbugalhado em ver tanta gente bonita enchendo os bancos envernizados da Igreja Dom Bosco, é lógico que mulheres lindas e bem arrumadas não faltavam, dando um toque diferente, alegrando o ambiente com a gostosura de suas presenças, como se fosse possível alegar mais o que já era tão belo.

Todos que ali estavam eram familiares íntimos das pessoas envolvidas no consórcio, bem como terceiros contratados para registrar, enfeitar, filmar, embelezar, e acompanhar tudo de acordo com o cerimonial, tão necessário a realçar o brilho do evento.

Constava do convite dentre outras coisas o seguinte: Jacinta e Eweraldo, o nome dos nubentes, Eweraldo com W e do qual ele fazia muita questão. O noivado foi rápido, se conheceram no Carná-Goiânia há três meses e já estavam se casando, interessante. Ninguém entendia porque. Sexo reprimido, talvez os pais da gata, digo o pai era uma verdadeira fera, alugava a mina com muita severidade, marcava homem a homem incansavelmente.

Soam as trombetas avisando o inicio do cortejo nupcial. Adentra a nave da igreja, Adriana irmã da noiva, linda, loira, alta num vestido longo de tecido fino esverdeado, tendo no busto um decote audacioso deixando transparecer boa parte de seus seios brancos e provocantes, provocando sussurros e gemidos em boa parte dos presentes do sexo masculino. Como não podia deixar de ser na parte de traz o decote ultrapassava as cinturas, mostrando os sinais do biquíni desenhado na sua pele clara, mas bem cuidada, sabendo ela que com todo o trato a que se submetera, para causar aquilo mesmo que estava acontecendo "frisson".

- Estou de braços dados com esse boboca, bem que poderia ser o Pedro, pensava na sua velha paixão, arrebatante de todos os seus arrufos de moça casadoira.

Começa o desfile. Serapião e Sebastiana, as primeiros testemunhas da noiva, ia andando compassadamente, esbanjando jóias , principalmente ela, rica parecia mais um carro alegórico sacudindo na Marquês de Sapucaí, pensava com seus lençóis e fronhas:

- Diacho, tanta coisa para fazer e eu aqui cansando a mina beleza, mas é isso mesmo, comadre é comadre, tem que dar apoio moral, marcar presença, sociedade é assim mesmo, mesmo achando ruim tenho que sorrir, segurar no braço deste pançudo do meu marido sei que ele não esta com nada, ainda mais tive que desmarcar encontro com o Alberto lá no motel, ô coisa gostosa, taí sempre levei chifre do Serapi, agora ele que aguente o seu ornamento, não vou arrepender, eu aguentei os meus, para homem dizem e aceitam, tudo certo, mas eu não quero saber disso não, cansei de ser boba, contar não vou, faço tudo bem escondido, se ele desconfiar eu nego, se ele colocar detetive eu tranzo com ele, se ele for broxa eu o compro, se for mulher eu tento corromper. Há meu Deus, me proteja, não quero brigar com fantasmas aqui na igreja, tenho que continuar o meu plano que é só vingança...

Esperidião, dentro de um fraque alugado de braço com a sua esposa, continua caminhando, gordo, de papada, ultrapassando os 120 quilos, já não dá no coro com sua mulher, mas não perde a pose de machão:

-É , se eu fosse mais moço e mais magro como no tempo de minha juventude, como tem moça bonita aqui gente, eu papava todas...(Cabeça vazia, barriga cheia, conta bancária nem se fala, matutava com seus pensamentos doentios só voltados para o lado material, material mesmo carregado de um excessivo egoísmo).

- Gente olha o decote daquela loira, incrível, mostra até pedacinho da calcinha branca, e aquela morena ali de cabelos longos? Que seios, fartos, hum, que desperdiço.

Goiânia, 27/10/2013.

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jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 30/10/2013
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