O Sábio é um egoísta que deu certo?!



Acabei de ler: “O sábio é um egoísta que deu certo.”.
Concordo em parte: na parte que afirma que o sábio é um egoísta. A noção de que o sábio se diferencia do “conhecedor, daquele que busca saber(es)”, pelo “bom” uso de seu saber, em prol do alcance de um estado de “êxtase” contínuo, de paz espiritual e de felicidade pessoal, faz deste ser um desprezível ser para mim, se é que existe alguém que ai se encontre, com vasta sabedoria do viver, do que existe, do existir e do realizar sua existência, que lhe permita uma felicidade plena, este ser só pode realmente ser um enorme e insensível egoísta, pois por si, para si, e unicamente consigo, sublima a loucura do mundo, a miséria social, mas também a miséria politica, a ganância econômica, sublima até mesmo a prepotência dos poderosos, para realizar em seu mundinho uma paz e uma felicidade “afastada” e independente do sofrimento de milhões.
 
Quanto a segunda parte: “Que deu certo”. Cabe perguntar: A quem?
Como, “dar certo” também é algo relativo e subjetivo, talvez tenha dado certo somente para consigo mesmo, deu certo para sua vidinha egoísta e insensível, deu certo em sua prepotência de que a felicidade é individual.
 
Prefiro os “conhecedores”, aqueles que buscam saberes, ou mesmo os que ainda estão construindo seus saberes, para um fim mais prático, para uma transformação do que aqui está, para reconstruir, pois que preferindo sofrer com os irmãos em espécie, sentem o peso da dor que podem e que devem lutar para extinguir, ou pelo menos minimizar. Prefiro aqueles que se dão de corpo e alma por tentarem algum nível de transformação social, política, econômica e também pessoal.
 
Por princípio pessoal, não confio em ninguém que se auto intitule como sábio, prefiro confiar naqueles que sem sabedoria, mesmo assim se expõem na tentativa de transformarem o agora, enquanto aproveitam para construir seus saberes e conhecimentos. Prefiro confiar naqueles que se aventuram em conviver para transformar, em sofrer para dividir o sofrimento, que não se calam, ou quando se calam é para dar mais foco em seu trabalho de formiguinha por um ideal prático e real de inclusão social e de dignificação humana. Prefiro confiar naqueles que não se entregam a passividade ou a sublimação do sofrimento de tantos, mas que por dividirem este sofrimento buscam reconstruírem-se a si mesmos, transformando, ou pelo menos se expondo na tentativa de algo transformar nesta realização humana e social da qual somos atores e diretores, e não somente meros espectadores. 

 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 26/11/2013
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