A COMPANHEIRA DO AMOR

O amor começa raso, superficial. Sorrateiramente. Ele, nesse momento que antecede o amor em si e por si, envia sua figurante: explosiva, arrebatadora, impactante, voraz, feroz e, arrisco, soberba. Ela não se mede por esforços, mas por uma invisível intensidade. Intocável, ela toca a trindade corpo, alma e coração. Assim como o amor, ela também se principia sorrateiramente, mas ainda assim, é uma enviada especialíssima do amor. Faceira e, sempre - quando existente -, ardente faz da malícia o seu refinado banquete e mesmo empanturrada ainda mostra ter espaço para a sobremesa, essa, sim, ardilosa. Mesmo quando o amor já contaminou quem ama e quem é amado ela, ainda, se faz presente. Algumas vezes mínima. Outras, máxima. E, ainda, noutras, sequer dá as caras. Mas está lá, sempre presente, acompanhando seu leal companheiro, não permitindo-o cair e, mesmo caindo, reerguendo-o. Ela nunca se esvai completamente, apenas se retrai quando percebe ser necessário. Mesmo quando o amor chega ao fim, ela ainda permanece ali, por mais algum tempinho, pulsando até se retrair por inteira para, quem sabe, se reencontrar em um novo semblante, em um novo coração, em um novo espírito e em um novo corpo. Mas, de modo algum ela e o amor andam separados, não. São unha e carne. Corpo e alma. Embora, é bem verdade, ela e o amor não sejam a mesma coisa, mesmo sendo íntimos e cúmplices. Afinal, quem nunca se apaixonou uma única vez sequer?

Tiago Curralo
Enviado por Tiago Curralo em 04/12/2013
Código do texto: T4599029
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.