OS BASTARDOS...

Refugiam-se nos bosques insensíveis ao medo

Ouvem lobos, sapos, mochos e a restante fauna

Nos dias tórridos fazem com deleite a sua sauna

Falam com a alma como se fosse um segredo

Banidos da gente como se houvesse gente

Esquecidos das lágrimas de raiva e de dor

Lá dentro retêm a imagem do amor

Que um dia tiveram mas que está ausente

Números estatísticos sem direitos nem voz

Esmagados à imagem de um qualquer algoz

Carregam sobre as costas mil e tantos fardos

Constroem junto às silvas as suas sanitas

Gritam ao mundo que são eremitas

Numa sociedade são os filhos bastardos

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 16/12/2013
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