“Amamos desejar mais do que amamos o   
                                   objeto de nosso desejo
”... de Nietzsche.
 
AMAMOS DESEJAR.

Hoje me peguei a pensar sobre esse tema, o desejo. Todos têm desejos, sejam eles sóbrios ou obscuros. É uma espécie de motor motriz que nos impulsiona para o fluxo contínuo de movimentos que é a vida, e um desejo saciado quase sempre é o ponto de partida para uma nova procura. Para o filósofo Nietsche o ser humano é um ser desejante por natureza, ama desejar mais do que ama o objeto de desejo, ou seja, é mais prazeroso desejar que realizar o desejo. A tensão, a expectativa, o fascínio, que arde nos nossos corações diante do objeto de desejo é uma espécie de amor romântico onde para a sua plenitude o objeto desejado não pode ser “tocado”, pois perderá parte do encanto. Se me permitam dizer é uma angústia prazerosa, um rio caudaloso que alaga planícies e arrasta tudo que está a sua margem.
Quem nunca passou horas em claro pensando na pessoa desejada? Ou outra coisa que lhe valha, sendo atormentado pelas incertezas e ao mesmo tempo o coração borbulhar de felicidade pura e simplesmente pelo ato de desejar? Claro que o objeto é o fio condutor do desejo, não estou anulando isso.  Para não retomar o equívoco dualista mente/corpo.
Ah o desejo, essa sensação que arrebata o ser humano!
É comum ouvirmos dizer que permeia sobre a juventude uma névoa que os impedem de vislumbrar coisas mais nobres e virtuosas que as pessoas que carregam mais anos de existência desfrutam. Ou seja, a juventude vive a voracidade do hoje, sem “ponderar” suas ações, e as pessoas mais velhas devido às experiências vivenciadas são capazes de tomar decisões assertivas. Mas será que determinada faixa etária vivenciam melhor os desejos que outras? Ou são simplesmente formas diferentes de desejar, ou seja, maneiras diferentes de percepção que devido ao percurso da vida recorremos às experiências empíricas e nelas revisitamos nossos traumas e alegrias? Tirem vossas conclusões.


 
                                         “Quem és? Perguntei desejo. Respondeu:      lava. Depois pó. Depois nada”. Hilda Hilst
 
Ah o desejo, será ele um tirano? Que nos assola e deixa a casa de cabeça para baixo parecendo um tornado de fogo? Mas quem vive sem ele? Quem é capaz de jogar água sobre suas labaredas ou afogá-lo no rio? E se caso o fizer adiantará alguma coisa?!.
Uma coisa é fato o desejo é algo inerente a nossa biologia, digamos que é um sentimento básico da existência humana. A razão é uma espécie de meio-termo que nos permite ponderar as nossas paixões, pois determinados desejos podem ser vizinhos da morte.
Sempre que o ser humano alcança um determinado objeto desejado acontece certo desprendimento, então almejamos novas conquistas. Talvez seja por isso que o ser humano seja um eterno “insatisfeito”, talvez o mais apropriado fosse dizer que o homem é um eterno desejante.