A MANHÃ SEPULCRAL 
Em uma madrugada de sexta feira 13 sinistra, encontrei-me com a morte trajando uma longa capa preta comum e um chapéu também preto. A sua capa tinha umas listras vermelhas reluzentes. Ela estava portando um grande cutelo  sem fio, eu estava na décima taça de vinho que me  embriagava; o meu velho corpo, já entorpecido pelo uso do álcool costumeiramente em meus setenta anos levando uma vida desregrada, meu pulmão quase todo bloqueado em função do uso do maldito cigarro,  eu era um boêmio inveterado.
-Boa noite madame.
-Boa noite!
-Em que posso ser útil a honrada visitante?
-Fico lisonjeado com tamanho acolhimento de  cada um de vocês.
-Desculpe-me forasteira não nos conhecemos?
-Bem eu não sou um estranho, estou entre todos, estou sempre por aqui.
-Não lembro-me de já tê-la visto antes
-Sim, não é sempre que me visto desta maneira, só em ocasiões especiais como esta.
-Não estou  entendendo de que está falando.  
-Na verdade vim aqui para buscar um ser desregrado que pensa que está sempre celebrando a vida quando está mesmo é celebrando a morte, bebendo fumando, passando noites e mais noites acordado, me chamando o tempo todo e finalmente estou aqui para atendê-lo,
-Você não está falando sério?
-Não brinco em serviço. Ela se aproximou  de mim com seus longos braços e deu-me um apertado abraço frio sinistro.
-Afinal de contas quem é você ?
–Eu sou a dama da morte, a melhor, a sanguinolentíssima morte!
-Vai pra lá moça feia,  estamos celebrando a vida e você vêm nos falar de morte? Não queremos ouvi-la mais nesta noite, você está acabando com a chegada de dia encantador!
-Encantador sim,  menos pra você.
-Como assim ?
-Não estou te entendendo.
- É sempre assim, todos se fazem de desentendidos.
-Não estou nem um pouquinho interessado em seus serviços!
- Mas posso adiantar que estou aqui para buscar um filho da boemia,  um jazigo apodrecido em uma cova rasa solitária te espera, com os vermes famintos para fazer um grande banquete de suas carnes fétidas apodrecidas, nesta manhã de sexta-feira sepulcral em um sinistro cemitério. Amanhã nesta mesma hora seu cadáver estará fervilhando de vermes,  a sua memória jaz no esquecimento não terás lembranças das coisas do passado nem das coisas do porvir, não precisarás de nada  desta tua querida  cidade.  Estas foram as suas últimas palavras e deu-me um grande abraço fúnebre,  minhas pernas amoleceram  meu coração se recusava  a parar de pulsar em meu peito trêmulo, meu fôlego de vida cada instante ia se esvaindo, eu sintia o cheiro da morte, um sinistro frio tomou conta de meu corpo combalido.
Asténico com minhas carnes apodrecendo ali mesmo diante daquele ser incombalido que era vigoroso, robusto, forte, arrogante.
-Você não tem tempo a perder, se tem algum pedido para fazer, faça-o agora.
-Quero que meu corpo seja cremado e as cinzas jogadas no jardim do cemitério, para  abertura do velório a indispensável marcha fúnebre do grande Frédéric Chopin, Schumann, Mendelssohn, Richerd Wagner, Antonio Vivaldi.
-Chega desta cantilena  que não termina mais!!!
-Você está sendo injusta comigo,  manda fazer meu último pedido e não me deixa falar?
você é uma figura insípida!extremamente medonha! injusta!traiçoeira é cruel !
-Eu não sou injusto com ninguém seria se só matasse os pobres quando vem,  não poupo ninguém, levo todos. Roubo a vida de ricos, pobres,velhos jovem! sábios, intelequitual, ignorantes, a morte é justa!! sendo assim ela é mesmo muito justa! e leal!
" IMAGEM DO GOOGLE"   
Antonio Laurentino Sobrinho
Enviado por Antonio Laurentino Sobrinho em 18/01/2014
Reeditado em 19/01/2014
Código do texto: T4655276
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