Paradoxo
Eu ando com muita vontade de saber as coisas, ver como de fato tudo é, conversar com pessoas e procurar entender porque elas fazem as coisas de um jeito ou de outro, como elas sentem, percebem o mundo e se percebem no mundo, com o que elas sonham.
E de saber o que tem nos livros que ainda não li. Dentre outras coisas, descobri que pode ser que o efeito estufa tenha sido só uma invenção para cortar nossas asas. É que alguns inescrupulosos entendem que, para que suas asas cresçam, é preciso cortar as asas de outrem;
E que para que suas vozes sejam ouvidas, é necessário calar as vozes de outrem;
Ainda não entendemos que podemos brilhar todos juntos, e que nosso brilho aumenta quando ajudamos a acender o brilho dos outros e não quando o apagamos;
E descobri a arteterapia, que faz a gente perceber que o processo de descoberta do mundo que nos cerca e do mundo que temos dentro da gente é um paradoxo louco e que por isso tanta gente foge dele;
Porque quanto mais coisa a gente descobre fora e dentro da gente, menos coisa a gente sabe; e então nos percebemos tal qual uma formiguinha;
A gente se preocupa tanto com a matéria e esquece que a matéria é só algo que serve para envolver o que de fato importa; ou deveria importar;
E nos preocupamos tanto com a forma que seremos percebidos e esquecemos de nos percebermos;
Uma vez eu li que São Paulo é a cidade onde as pessoas mais sofrem de solidão. Mais paradoxo. Por que será? Vi ainda um filme argentino (Medianeras), que tratava desse mesmo tipo de solidão. A solidão moderna. Em que o tamanho da solidão é inversamente proporcional à quantidade de pessoas em volta e a felicidade demonstrada no discurso;
Redes sociais, bares, fotos, relacionamentos felizes, álcool, excesso de trabalho, agenda lotada, corrida pelo sucesso, roupa da moda, maquiagem: máscara de viver.
Tudo invólucro, mas tão frágil...
As nuvens não são mesmo de algodão, como um dia disseram;
A verdade não está lá fora como um dia disseram;
O invólucro, não importa a espessura nem o aspecto, também não vai ficar;
Estamos indo, de volta em direção ao nada.
A gente se encontra lá.