O Silêncio...

Meu coração continua preso à lembrança.

Sou punido a cada momento por minha memória que traz à tona a existência dos fatos vividos.

A cada dia as marcas do tempo registram em minha face expressões que, dentre outras, traduzem-se em tristezas e saudades... Iluminuras que se cristalizaram nas formações das lembranças.

Fito meus olhos ao céu tentando ultrapassar as nuvens em movimento no ar, e, mesmo sem conseguir ultrapassá-las, sinto, com a força do bater do meu peito, a falta daquilo que um dia sonhei...

Vejo uma fotografia, e em frações de milésimos de segundo, sou transportado pelo tempo em minhas divagações, ancorado no consolidado passado de minha existência.

Sinto o cheiro das flores, "A flor do ar", vejo as marcas de tudo. Exalam-se na memória todos os odores... Desejos são aguçados... A crise se instala!

Tristeza e saudade põem em xeque o sentido da razão e de sua legitimidade. Teus efêmeros sinais de arrependimento não atenuaram a dor que me fizeste viver, cristalizando-se dentro de mim.

Volto a olhar para o céu e vejo que as nuvens não estão no mesmo lugar. Já não são as mesmas...

O meu olhar se desprendeu! Agora mais contido e sereno, sou coagido pela Tirania da Circunstância a internalizar em mim um “estado de equilíbrio” que vai além das forças que consigo obter.

Retorno meu olhar para o céu sem nada receber, apenas flashes da lembrança que não quer calar na intensidade do silêncio de meus devaneios...

Penso e não mais existo, enxergo apenas pelo reflexo da lembrança, ouço-te silenciada.

Só o silêncio.

Luiz Carlos Serpa
Enviado por Luiz Carlos Serpa em 10/02/2014
Reeditado em 18/11/2014
Código do texto: T4685529
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