AMANHECIA...

Tenebrosa foi a noite de rugidos e clarões

De zangas hipócritas sem hipótese de resposta

Como se arbitrariamente nos exigissem uma proposta

Para nos acalmar o tremor dos corações

No escuro do quarto amanhecia lentamente

Dois corpos que se haviam visitado sem pausar

À cadência dos trovões que vociferavam sem parar

Arrancando de nós paixão surda mas ardente

Surgiam os primeiros raios de sol na vidraça

E assim como alguém que tem medo mas disfarça

Houve sorrisos doces em ar de profecia

Depois de uma noite de fervor entrelaçado

De gestos e carícias de sabor ameloado

Lábios num último beijo, finalmente amanhecia

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 22/02/2014
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