AMANHECIA...
Tenebrosa foi a noite de rugidos e clarões
De zangas hipócritas sem hipótese de resposta
Como se arbitrariamente nos exigissem uma proposta
Para nos acalmar o tremor dos corações
No escuro do quarto amanhecia lentamente
Dois corpos que se haviam visitado sem pausar
À cadência dos trovões que vociferavam sem parar
Arrancando de nós paixão surda mas ardente
Surgiam os primeiros raios de sol na vidraça
E assim como alguém que tem medo mas disfarça
Houve sorrisos doces em ar de profecia
Depois de uma noite de fervor entrelaçado
De gestos e carícias de sabor ameloado
Lábios num último beijo, finalmente amanhecia