O Morrer do Entardecer

Queria que soubesse

Agora que estou sentindo a sua falta

Que me vejo só, assim...

Ao observar o morrer do entardecer

Todas as minhas tardes

Da minha solitária sacada

É um pouco de mim que se vai

Cada dia deste outono sofrido.

Toda soberba engoli a seco

Como o amargo do vinho

No seu final em êxtase.

Quando cai a fria noite

Sinto-me cansada do meu gemido,

Gélida transpassa a minha alma,

São como lanças em meus nervos

Que me acalma.

Todas as manhãs acordo

Com a falsa ilusão,

De que os raios de sol,

Invadem as frestas da minha janela,

E tocam-me quase seminua

Em alusão ao teu calor.

É somente mais um dia,

Da perpétua prisão da tua falta;

Quantas vezes ignorei o ar

Mas ele insiste a invadir as minhas narinas,

Olhei para os meus pulsos

O vi esgotar-se todo sangue,

Que corriam das minhas veias.

Mas ainda há sentido para se viver

Todas as tardes é o mesmo sol

Que se põem a morrer,

Parece até se sacrificar em meu lugar.

Você é uma doença que não tem cura

Sendo assim, eu invento uma maneira de viver;

Todas as tardes na minha solitária sacada

Eu me visto de sol

E fico a morrer lentamente

Assim como o entardecer.

Christine Aldo

São Paulo, 28 de Fevereiro de 2014