Eu sabia.
Nem direito de reclamar eu tenho,
pois eu sabia que seria exatamente assim.
Eu sabia que não ia dar certo,
mas mesmo assim eu vim.
Sabia que iria me cansar,
mas mesmo assim tentaria até o fim,
sabia que meu esforço pelos negócios não iria adiantar,
mas a responsabilidade ardia em mim.
Eu sabia que ele não cumpriria as promessas trabalhistas,
mas que queria por tudo minha companhia,
eu sabia também que se esqueceria de ser pai,
mas eu não me esqueço de ser a melhor filha que posso ser.
Eu sabia que tão cedo não formaria minha família e meu lar,
mas certos planos a gente pode deixar pra depois.
Eu sabia que o tempo correria entre meus dedos,
e que quando o procurasse veria que o havia perdido,
mas que apesar de perder tempo da minha vida,
eu jamais me perderia no tempo.
Eu sabia que morreria de saudades,
mas que a saudade nem me mataria,
que apesar de ter sido um plano B, a vida de antes hoje me bastaria.
E se tivesse continuado, onde eu estaria?
Eu sabia que seria exatamente assim,
que a maioria dos planos nem daria certo,
mas eu sabia também que se continuasse lá,
a vida me consumiria.
Já estava frágil e doente, não era feliz e ninguém me via.
Estava longe e com frio e minha alma doía.
Era apenas o trabalho, minha razão de cada dia.
Por quê vim?
Esperança.
Não vive quem não tem esperança, cai na treva alma perdida.
Esperança.
Mesmo sabendo que daria errado, a esperança me manteve viva,
e a tentativa me curou a alma,
me tornou novamente aquecida.
Se de esperança eu puder viver,
me encontrar quando estiver perdida,
mesmo que seja iludida,
sempre me levantarei para um novo dia,
e estarei pronta pra mudar tudo na vida.
Com amor próprio, e cabeça erguida.