Amadurecer

Completei cinquenta e cinco anos. Tenho tantas respostas para as perguntas que ainda não fiz que me angustio. Porque andar na frente sempre? Quero retardar a descida na mente da maturidade consequente. Nesta fase da existência fazemos as perguntas para as nossas respostas. A sabedoria, ou o conhecimento, como queiram, chega, desce não sei de onde, mas fica. E como prega na nossa alma. A nossa visão de mundo torna-se mais simples e uma onda do mar quebrando na areia é apenas uma onda do mar quebrando na areia. Filhos nascem, crescem, nos dão netos e são apenas filhos. Não falo de amor. Esse é eterno, de onde venha. Mas apenas linearmente da continuidade da vida. Eterna? Será apenas genética? Não acredito. Como um chilli bem apimentado que gruda na língua e arde o sabor, os filhos são a ardência deliciosa que exaltam o umami. Porque? Ora, quem não quer ver a sua semente germinar no pomar doce da perpetuidade? Lá na frente algum descendente dirá: seu tatatataravô era assim e assado. Eternidade? Ha. Não, há apenas cromossomos passados a frente, nesta linha de pensamento. Porque o legado maior é a decência - ainda que em decadência hoje em dia - que insiste em sobreviver. Gene maldito para a perpetuidade duma ética atual - ou bendito para continuar a coexistência - ainda forte como uma rocha, sobrevive num mundo onde os heróis são guerrilheiros do ISIS. Videogames que substituem o sentir ao próximo. Realidade construída na mente de pessoas virtuais onde os homens são apenas imagens a destruir. Soma-se pontos quando atinge alguém com o disparo virtual e torna-se o primeiro de uma lista de concorrentes. É apenas mais uma ficha. Somente mais um clique do joy stick e uma mão de pipoca e coca-cola. E tudo é filmado, online, pelo facebook. E esses monstros são heróis para alguns. Tem alguém que vibre e aplauda. Mas essas pessoas não podem ser colocadas embaixo do tapete como se fosse uma sujeira. Esse lixo existe e precisa ser colocado num incinerador, para nunca mais reaparecer. O radicalismo é a maior doença do nosso século XXI. Sejamos mais fraternos com os nossos irmãos. Entender a dor do outro, empatia, é se colocar no lugar de alguém. Quem agoniza, sofre, e quem tem dor, quer um analgésico para aliviar o seu sofrimento. Não sejamos sintéticos. Mas verdadeiros remédios naturais que aliviarão as dúvidas do corpo físico e os tormentos da alma.

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor"

1 Coríntios 13:1-13

Paulo de Tarso - São Paulo.

Em nome do Altíssimo e sempre é.