Autoflagelação quimérica

"Mas eu não quero solicitude. Eu quero raiva, vitupérios, violência. É como se eu sentisse uma dor de dente insuperável e, apesar dela, extraísse um prazer vingativo vasculhando repetidamente a cárie dolorida com a ponta da língua. Imagino um punho surgindo de lugar nenhum e me atingindo no meio da cara, quase sinto a pancada e escuto osso do nariz quebrando, essa simples ideia já me vale um mínimo de triste satisfação. Depois do enterro , quando as pessoas voltaram para a nossa casa - apertei uma taça de vinho com tanta força que ela se espatifou na minha mão. Gratificado, fiquei olhando meu sangue gotejar como se fosse o sangue de um inimigo que eu tivesse cortado com o gume da espada"