COLECIONADOR DE MOEDAS

Não há como ter uma moeda de um lado só. E eu prefiro a riqueza de um todo, do que metade que mais se equivale ao nada. O que quero dizer, é que quem não conhece a dor, quem não leva no peito um sofrer, quem se esquiva do horror por medo de perder-se, não conhece também a felicidade, e muito menos descobre a força que realmente tem – esta, vista apenas quando uma morte chega, e deve-se renascer –, e eu quero a coroa, com a cara e tudo! Porque não conheço amar mais ou menos, “quase que fazer” e nem estar dentro com um pé só. Eu prefiro mesmo cair do que nem andar: entregar tudo o que tenho e correr o risco da perda, porque depois dela, ficamos sem um pedaço, mas é aí que ganhamos outros tantos. É no refazer que ficamos maiores, com parte do que já foi e com outra do que inda virá. E eu quero ser grande! Quem não quer a imensidão? Por isso, meu caro, não me venha com metades, e nem com aquele discurso de que não vale a pena ir de cabeça ou chorar no final, porque eu sou um colecionador de moedas. E quem trabalha nisso, sabe bem: eu não entro numa história pelo outro, e sim, por mim. Eu respeito o que sinto, e sentimento é mar, ou você mergulha, ou finge que não, até se afogar.

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