Escrevo, logo existo

Penso, logo existo.

René Descartes (1596-1650)

Escrevo, logo existo.

Estava escuro.

Iria nascer na manhã seguinte.

Subi ao Céu.

Olhei o mundo

e vio-o a preto e branco.

E vi-o rotulado

em bons e maus,

em belos e mostrengos,

em sós e consolados,

felizes e coitados.

Em luz e trevas,

disfarces e verdades,

disputas e certezas,

perguntas sem resposta,

amores e preconceitos.

Naquele escuro,

em vésperas de nascer,

pensava o que fazer

na hora de existir

num Mundo em colisão.

Em vésperas de nascer

pensei naquele escuro.

Será que existir é escolher

para onde vou?

De qual dos lados estou?

E se quando eu nascer

pensar for existir,

o que irei fazer

no tempo que me resta

do viver?

Saltei o muro.

Escolhi o meu caminho.

Estou dum lado e doutro

na busca aos tropeções

caminhos de verdade.

No tempo que me resta

para viver,

tenho para mim

que pensar não é caminho

de existir.

De tudo quanto sou

de tudo quanto crio

e quanto creio,

tenho para mim

escrevo, logo existo.

Manuel Paulo
Enviado por Manuel Paulo em 10/04/2014
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