Suposições
Sou suposto sim,
Por que não?
O mundo gira
E não é por falta minha
Que vai de contramão
Suponho o que sei
Pretensa intelectualidade juvenil
Pobre e ignorante das verdades
Do amor e da paciência.
Suponho meu sexo
Minha libido
Inexperiente e sôfrega
Ansiosa, trêmula e precoce
suponho corpos artificiais
para suprirem as nossas falhas biológicas
suponho corpos amantes
em união simbiótica
suponho as virtudes
sempre mais importantes que os vícios
pressuponho a liberdade
importante, mas ausente
escondida em algum orifício.
Encaro com olhos desvendados
O pôr do Sol do mundo
Desnudos de qualquer ilusão
Mas compadecidos pela vida
Suponho o crescimento como algo importante
Abomino estagnações
Mas também suponho que seja
Culpa de minha jovem alma velha.
Suponho que arte liberta ou escraviza
Depende do ponto de vista
Suponho minha generosidade interessada,
Na pior das hipóteses, em meu próprio bem estar.
Suponho minha docilidade como uma arma
Minhas palavras doces como um escudo
E eu mesmo como uma casca,
Um vagão descarrilhado
Sem saber onde chegar
Mas com muita pressa
Sempre
Tenho em meu rosto e guarda roupas
Algumas máscaras
Que me embelezam ou me enfeiam
De acordo com as necessidades
Mas nunca para me desfigurar
Afinal, quem é, de verdade e sempre, a mais pura essência de si mesmo?
Suponho que ninguém.