Suposições

Sou suposto sim,

Por que não?

O mundo gira

E não é por falta minha

Que vai de contramão

Suponho o que sei

Pretensa intelectualidade juvenil

Pobre e ignorante das verdades

Do amor e da paciência.

Suponho meu sexo

Minha libido

Inexperiente e sôfrega

Ansiosa, trêmula e precoce

suponho corpos artificiais

para suprirem as nossas falhas biológicas

suponho corpos amantes

em união simbiótica

suponho as virtudes

sempre mais importantes que os vícios

pressuponho a liberdade

importante, mas ausente

escondida em algum orifício.

Encaro com olhos desvendados

O pôr do Sol do mundo

Desnudos de qualquer ilusão

Mas compadecidos pela vida

Suponho o crescimento como algo importante

Abomino estagnações

Mas também suponho que seja

Culpa de minha jovem alma velha.

Suponho que arte liberta ou escraviza

Depende do ponto de vista

Suponho minha generosidade interessada,

Na pior das hipóteses, em meu próprio bem estar.

Suponho minha docilidade como uma arma

Minhas palavras doces como um escudo

E eu mesmo como uma casca,

Um vagão descarrilhado

Sem saber onde chegar

Mas com muita pressa

Sempre

Tenho em meu rosto e guarda roupas

Algumas máscaras

Que me embelezam ou me enfeiam

De acordo com as necessidades

Mas nunca para me desfigurar

Afinal, quem é, de verdade e sempre, a mais pura essência de si mesmo?

Suponho que ninguém.

Eliézer Santos
Enviado por Eliézer Santos em 10/04/2014
Reeditado em 10/04/2014
Código do texto: T4764166
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