Vivências e bem-guardados

Revirando os bem-guardados de minha mente e revolvendo o solo fértil de minhas lembranças, andanças e saudades, reencontrei pessoas e tempos, coisas e momentos.

Então eu percebi que apesar de todas serem grandes e importantes o bastante para resistirem ao destino inexorável do esquecimento humano - causa mais natural da felicidade possível...

Nessa hora eu compreendi que apesar de tudo isso, algumas vivências eram maiores do que outras, que algumas lembranças eram mais cintilantes que outras, que algumas andanças eram mais coloridas que outras, que algumas vidas entrecruzadas às minhas eram mais rubras e que algumas alegrias eram mais pulsantes que as demais.

Só então entendi:

Que é um desafio maravilhoso e instigante o de tentar compreender a profundidade de uma vivência. A única certeza que se pode ter, nessa tentativa, é que o tempo e sua duração pouco têm para explicar. Um segundo bem vivido tem o tamanho e o valor de toda existência.

Uma pessoa de poucas horas pode morar em nossas almas por toda eternidade, já uma outra, de muitas vidas pode representar menos que um traço na estatística de nossa lembrança.

Por que então desperdiçar instantes vividos com coisas que desejaríamos esquecer?

Acumulemos em nossas bem-guardanças muitos candidatos à eternidade!