Somos todos corruptos

Estou politizado, senhoras e senhores. Estou politizado, ou pelo menos, tenho prestado mais atenção à política. Ao comportamento da política, na verdade.

O fato é que quanto mais eu descubro, mais cético eu fico. Na minha opinião, a política do Brasil, de modo geral, tem se mostrado desleixada. A política, não; os políticos. Quanto mais consciente eu fico sobre a movimentação de dinheiro pelo poder público, mais duvido que ele esteja sendo usado para o que deve. Tem que pagar propina pra tanta gente. Propina, meu Deus! Somos o país da propina. Nós, que nos dizemos católicos, ou religiosos de alguma forma, permitimos que uma pessoa só se disponha a ajudar os menos favorecidos com serviços básicos de qualidade se receber uma "colaboração". Sério? Um país onde todos querem levar vantagem em tudo, na maior parte do tempo possível. Onde ser desonesto é sinônimo de ser esperto, e ser honesto é sinônimo de ser bobo...

Ok, somos humanos, não temos como ser perfeitos. Mas temos como ser conscientes ao nosso papel, ser fortes e resistir à corrupção. Olho em volta e vejo que a corrupção não se esconde mais por trás das cortinas.Agora ela dança feliz e vitoriosa no meio do palco. Bebemos e vamos dirigir; nosso respeito pela vida alheia foi corrompido. Vamos dirigir e não colocamos cinto; nosso respeito pela nossa própria vida foi corrompido. A sociedade - a mídia - ensina (martela) na cabeça das crianças que elas devem se dedicar ao sexo cada vez mais cedo, porque esse negócio de ser criança, de viver como criança, está ultrapassado. Se você é criança, você perde muita coisa do mundo adulto, principalmente o sexo. Ah, o sexo...Sim, o sexo...E assim a inocência das crianças é corrompida em prol da sexualização da infância, que é um negócio bem lucrativo. Alavanca as vendas. Dá mais audiência. Pegamos o que é nosso, ficamos com o troco a mais que nos deram, e aí nossa honestidade é corrompida.

Ouço agora sobre mai uma fraude, mais um escândalo, mais um crime de lesa-pátria, e lembro do que eu disse a um amigo há alguns dias: no Brasil, estar na lei não significa nada. Pois é, não temos a cultura da obediência às regras. Nossa "malandragem", nosso "jeitinho", nos impele a contornar o regulamento, a se desviar dele - escrevo isso e penso em algo molhado, ou coberto de óleo, atravessando obstáculos, deslizando por eles. Somos essa coisa coberta de óleo, que se esgueira pelos vãos deixados pela lei. Vivemos nossa própria lei do mais esperto, e depois reclamamos porque as coisas não funcionam. Para funcionarem, tem que começar pela gente, inclusive por mim.

O brasileiro, em geral, é acomodado. Não fiscaliza, não cobra, não procura saber. Prefere o bom pão e circo. O brasileiro, no geral, não cumpre o seu dever de cidadão. Reclama enfezadamente de ir votar, só de ir votar, como se fosse matar um dragão em vez de ir decidir o futuro do país. É a lei do menor esforço. Votar já é muito. Fiscalizar? Acompanhar rigorosamente, de perto? Pra que? Meu dever já está cumprido, já coloquei esse sujeito lá, no cargo que ele tanto queria, minha obrigação é sentar e esperar pelo que ele me prometeu. Coitado...Com o perdão do bordão, "sabe de nada, inocente." Sem vigilância, esse sujeito vai fazer o que quiser com o dinheiro do seu imposto. Vai se enriquecer às suas custas, enquanto você continua esperando pelas melhoras.

Paciência. O povo brasileiro é o mais paciente do mundo. Espera pelas mudanças que são prometidas há décadas acreditando que um dia acordará em um mundo que magicamente vai estar perfeito. Se tem solução, se é tão fácil, quanto eles fazem parecer nas infindáveis propagandas eleitorais, então já era para estar resolvido.

Por que não resolvem? Porque, se o fizerem, não continuarão manipulando vocês, pobres alienados...