"Liberdade -- ouso dizer Teu nome!"*

Certa feita uma moça, por quem meus sinos tanto dobraram, comentara um de meus desabafos quanto ao fato de eu julgar-me incompreedido. "É que você é inteligente. Por isso tão poucos o entendem." Dissesse isto hoje, pouco -- ou nada, nada -- teria mudado. Na época me passou por algo meio hipócrita, algo irônico. Maldade -- de minha parte, reconheço isto agora, melhor que nunca. Sem entrar no "mérito" moral da questão (e eu ela construíramos um histórico de farpas trocadas, ora de Luz, ora de "anti-matéria"), penso, portanto, que tal lição já deva ter nos tornado humanos, mais que meramente mundanos. Já escrevi muita coisa sobre uma de suas facetas, é fato. Quase sempre apontando para o seu lado bem pouco iluminado, dado aos prazeres da carne. Isto não deve mais ser feito. Talvez nenhum livro meu deva carregar essa mancha -- sobre a imagem de um dos aspectos mais marcantes de seu passado --; logo, deverei excluir de qualquer livro meu trechos que remetam a ela. Talvez porque eu já tenha alcançado, quase tão tarde, a paz de espírito. Talvez... Quiçá?

Fatos... Amor aos fatos ou amor ao destino? Que compreensão do destino teremos nós? Que destino terá nossa compreensão? Que teremos feitos de nós, já com tantas páginas escritas do livro de nossas vidas?

Pois que tenha fim o jogo -- qual!

Pois que assumamos o nosso papel de seres humanos, de espíritos num mundo material. Porque jogadores só se prestam a jogos. E seres humanos à vida. Não um jogo (a vida), mas um enorme campo, uma escola megamétrica** onde todos podemos aprender e ensinar.

NOTAS

* Tal título me remete a algum texto latino ou mesmo nietzscheano. Daí meu apreço por seu emprego aqui.

** Há muitos anos eu emprego o termo "megâmetro" para me referir a "mil quilômetros".