Só pensamentos
Hoje eu olho para minha vida e me sinto surpresa, aflita, confusa também.
As muitas tentativas frustadas. As muitas chances perdidas e o arrependimento.
As minhas falhas como ser humano e a sensação de ter vivido bem mais do que vivi.
A sensação de ter amadurecido demais me aborrece tanto que as vezes tento ser apenas uma criança pra aliviar esse peso.
Na minha insanidade e esse monte de defeitos insuportáveis eu sei que mais do que exigiram de mim, eu mesma me cobrei demais sempre.
Esqueci de provar certos sabores e provocar alguns erros quando era normal da idade. Como se eu mesma quisésse passar a mão na cabeça de quem erra alegando que o pode fazer por ser apenas um adolescente.
Como se tudo que eu quisésse de vez em quando fosse ser normal. Como essa juventude louca e insana que existe.
Mas confesso que aquelas palavras, que eu ouvi muito, como:
- Nossa! Como você é madura, responsável.
No fundo não sei se me fez bem ou mal.
Se me atiçou a idéia de ser destaque, diferença, ou se me impediu de viver intensamente.
Sempre estive acelerando o processo natural das coisas. Querendo amadurecer antes do tempo, viver com pressa e atropelar as fases. E agora isso me parece tão óbvio como triste.
As vezes me bate esses colapsos de tortura, dor e desespero, e a escrita é tão estupidamente necessária que parece mais um vicio. A necessidade de escrever é tão violenta que já é uma ação quase que involuntária. Preciso disso pra me sentir menos mal. Posto que, bem nesses momentos não posso estar.
E são tantas as palavras que circulam em minha mente que as vezes releio textos e os acho tão insanos, sem nexo, sem sentido que me bate vontade de rasgar as folhas, queimá-las. Como se assim eu pudesse queimar junto esta agonia que sinto por vezes.
São só pensamentos. Nada mais. Loucos, confusos e intensos.
Só pensamentos.