Giz
Joguei fora todos os cadernos, diários e rabiscos antigos.
Rasguei fotografias e desenhos da infância.
Doei os brinquedos e as roupas que não serviam mais.
Hoje senti falta de ler os escritos de outrora.
Senti falta de rir das histórias infantis e dos planos da adolescência.
Tentei me lembrar de como era a minha letra e de como batia o meu coração.
(...)
Não sei escolher lugares, eu só gosto de ir.
Me enche o saco ter que esperar.
A noite é sempre longa e eu adoro um blá-blá-blá.
Gosto de lugares altos, mas tenho medo de cair.
É bom sentir-se mais perto das nuvens e distante do chão.
(...)
Estar na melhor, estar na pior...
E quem foi que disse que isso importa?
Ninguém é feito de aço, todo dia é dia de cair.
Todo dia é dia!
Dia de brincar, de sorrir.
Dia de chorar, de amar, se surpreender.
Dia de sofrer, apanhar e desesperar-se.
Todo dia é dia de morrer!
Mas como é bom morrer e continuar vivendo.
Como é bom viver, mesmo morrendo um pouquinho a cada segundo.
(...)
Estava pensando em acordar mais cedo.
O sol da manhã é tão carinhoso.
Mas o reflexo na janela me cega.
Prefiro deixar a cortina fechada e levantar depois das onze.
Enquanto você espera eu responder, eu facilmente me distraio.
Pensando em dominar o mundo com a minha mente.
E lembrando de quando criança, sentia-me invencível.
Sabendo que aquele corte de cabelo foi contra todo o bom senso de estética imaginado.
Fechando os olhos e vendo um infinito particular cheio de bambolês e cantigas de roda.
Te digo que sim!
Mas eu sonho antes de dormir.
E acordo quando não quero acordar.
(...)
Meio sorriso, suspiros e um olhar cheio de graça.
É a noite cochichando uma historinha no seu ouvido.
É você sendo abraçado sob um céu estrelado.
É você mordiscar a sobrancelha e beijar os olhos enquanto alguém ri.
É alguém deitar no seu peito e sentir o perfume que você escolheu usar antes de sair.
Sair para caminhar na madrugada.
É aquela risada exagerada ao voltar para casa.
É levar uma mordida na bochecha enquanto você fala.
(...)
Deitei para dormir e esqueci a luz acesa.
Rabisquei na calçada do inconsciente uma "amarelinha".
Então, vamos tentar chegar ao "céu"?