Sublime
(...)
E começou dizendo que odiava segundas-feiras.
E disse que não era possível sentir-se feliz ao acordar as sete da manhã.
Mesmo assim sorriu.
O sol matinal era convidativo.
Uma manhã amarela, mas o dia era azul.
Azul...
Depois do mês cor-de-rosa, dois tons de lilás coloriram o ano.
Iniciou-se o mês azul, frio e ao mesmo tempo tão quente.
O mesmo azul da cor do céu naquela manhã ensolarada.
Ouviu alguém dizer "bom dia!"
Colocou os óculos escuros e caminhou com os olhos semiabertos.
(...)
Gostava do frio, de sentir a pele murmurar.
Gostava de se aconchegar naquele espaço entre o pescoço e o ombro, para sentir o perfume desconhecido.
Aquele sofá velho se tornava grande o suficiente naquela hora.
O mundo cabia nele!
Enquanto o filme sobre liberdade passava na televisão, ela se afundava ainda mais na imensidão daquela sala.
Ele beijou-lhe a têmpora, ela sorriu em resposta.
Estava adormecendo.
(...)
Porque a cor azul conseguia ser assim... tão fria e tão quente?
Uma explosão de sensações!
Respirava tranquilamente como se estivesse sonhando.
Suspirava distraída como quem olha o mar num fim de tarde.
Viajava sem se mover enquanto o azul claro escurecia.
Mais uma noite cintilante!