NAVEGA - ME

Traz contigo o desejo em olhares de vulcão que tenta disfarçar.

Fujo à tua mão que se estende no ar,

na procura de mim,

como se eu fosse ainda tua,

desfeitos os enleios por uma palavra injusta,

por uma voz desconhecida...

E vagueio em olhar pelo teu corpo,

tentando adivinhar,

através do tecido fino,

a sua cor,

forma,

contornos,

o calor que seria na minha.

Aproximas-te.

A excitação do meu corpo

agita-se no contanto que prevê de ti.

E é você em mim.

Não quero.

E deixo…

Vencida pelo desejo que me corta,

que me força,

obrigando-me e eu não querendo.

Rasgas-me contra a vontade

com essa aresta fina de navegador que traçou o seu rumo.

E eu cedo,

à medida que o êxtase te excita ao invés de te acalmar.

As forças perdem-se

não sei se pelo desejo se pelo cansaço.

Com elas,

o resto da minha roupa.

Hesito…

Esperei-te tanto para me negar.

Injusto, cruel.

Se pudesse desenhar a enormidade

da tua injustiça na minha bandeira,

mostrá-la ao mundo …

Mas voltaste,

está aqui e eu já não sei onde estou,

se estou...

Sei apenas que é você

neste momento que trilha em mim,

que me domina.

E eu já desistente da resistência

Te deixo em mim

rastros que fica,

ardendo-me,

invadido meus caminhos

percorrendo a dois

que descansarão mais tarde

na mistura do suor dos próprios corpos.

ETERNAMENTE AMANTE ENIGMÁTICA
Enviado por ETERNAMENTE AMANTE ENIGMÁTICA em 16/05/2007
Código do texto: T489522
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