NAVEGA - ME
Traz contigo o desejo em olhares de vulcão que tenta disfarçar.
Fujo à tua mão que se estende no ar,
na procura de mim,
como se eu fosse ainda tua,
desfeitos os enleios por uma palavra injusta,
por uma voz desconhecida...
E vagueio em olhar pelo teu corpo,
tentando adivinhar,
através do tecido fino,
a sua cor,
forma,
contornos,
o calor que seria na minha.
Aproximas-te.
A excitação do meu corpo
agita-se no contanto que prevê de ti.
E é você em mim.
Não quero.
E deixo…
Vencida pelo desejo que me corta,
que me força,
obrigando-me e eu não querendo.
Rasgas-me contra a vontade
com essa aresta fina de navegador que traçou o seu rumo.
E eu cedo,
à medida que o êxtase te excita ao invés de te acalmar.
As forças perdem-se
não sei se pelo desejo se pelo cansaço.
Com elas,
o resto da minha roupa.
Hesito…
Esperei-te tanto para me negar.
Injusto, cruel.
Se pudesse desenhar a enormidade
da tua injustiça na minha bandeira,
mostrá-la ao mundo …
Mas voltaste,
está aqui e eu já não sei onde estou,
se estou...
Sei apenas que é você
neste momento que trilha em mim,
que me domina.
E eu já desistente da resistência
Te deixo em mim
rastros que fica,
ardendo-me,
invadido meus caminhos
percorrendo a dois
que descansarão mais tarde
na mistura do suor dos próprios corpos.