NA ZONA DE INTERSECÇÃO



 
     Eu tenho vivido desde sempre, desde os inícios - ainda que nos inícios eu não o soubesse, não o pudesse compreender, é claro - na zona de intersecção entre o ser e o não ser. Sempre, desde o sempre. Na zona de intersecção entre o ser e o não ser. Sempre. Desde o sempre. Nas zonas de intersecção.









 
Nota ao comentário de NiImari: Cara Nilmari, você tem toda razão, só que ter que ser assim, ter que viver assim a vida inteira me exauriu, me levou a um cansaço desesperado - e inútil - de precisar ser e de precisar viver sempre assim... sempre assim... precisando compreender os dois lados, sempre: a sanidade, a insanidade, a lucidez insana, a louca lucidez, os à margem de, os inseridos no Sistema, os como eu, nem uma coisa nem outra, ou coisa que se lhe semelhe (...);os afetos,os desafetos... Não consigo ver tudo com distanciamento "científico" ou com o de um psicanalista, ou com o de outros que cumpram tal função... porque tais modos de ser são todos de seres íntimos, demasiado próximos... Com raras exceções, quase nada recebo da recíproca minimamente necessária, na chamada vida "real". Já nem falo dessa espécie de reciprocidade, já nem falo dessa. Faltam-me outras... outras... mais objetivas. Estou a viver em desesperado cansaço de mim e de tudo, amiga. E não há como fazer da vida outra coisa. Não há como fazer de mim outra coisa. É tarde demais.É sobreviver a esse Cansaço, nada mais. E cumprir, até o fim, os deveres que me cabem, do jeito que consiga. Eis tudo. Eis tudo.

Abraço grande da Zuleika.