Não corra tanto

O verso do universo

É um vilarejo sem tempo

Em que não há hora: só momentos

É a morada dos versos de amor total

Em uníssono ecoa: verso universal

Cartas de amor espalhadas

no quarto pelo vendaval

Quem deixou a janela aberta?

Quem te disse para pegar o metrô?

Não te disseram, minha amiga

Que a pressa é inimiga da paisagem

Logo a paisagem que é tão vital

Verso universal:

'Te amo'

Já é quase uma lenda urbana

Um senso-comum

Digo 'te amo' porque um dia me disseram

Que quando um desejo afoga o peito

É o amor que invade, lento...

'Te amo' já é coloquial,

Já é assim como dizer 'bom dia'

O mesmo 'bom dia' que esqueceu de me dizer

Passou tão depressa, nem perguntou que música é essa

Que vem ouvindo sem parar

eu digo:

É a ressonância de meu verso universal

Pare por um instante, minha amiga

Feche a janela, não deixe o vento espalhar o amor

Respire fundo, vá de bicicleta, esqueça o metrô

Ande vagarosamente

Deixe que os versos a alimente

Note que na paisagem enxerga-se o som

(Em uníssono cantamos o verso mais vital)

Pare um pouco, minha amiga, sinta a simplicidade da vida

Olhe as roupas secarem no varal

Não faça com que o tempo corra

Nem com que a tarde morra sem ver o Sol

Não desenvolva em seu peito inquieto

A impressão de que irá cair o teto

Não corra tanto, meu amor!

Pare um pouco, respire, me dê a mão.

Não corra tanto, meu amor.

Laís Mussarra
Enviado por Laís Mussarra em 17/05/2007
Código do texto: T490480