Faz-de-conta
Decolou.
Era mais uma de suas viagens.
Sempre ia... bem longe!
Rapidamente se perdia .
Depois voltava.
Tranquila! (Ou não!)
(...)
Soltou os cabelos que estavam presos o dia todo.
Sentiu o perfume enquanto bagunçava-os.
Soltou a alma também.
E voou.
(...)
Adorava contar histórias.
Adorava ouvir histórias.
“Era uma vez” e “felizes para sempre”, fascinavam-na.
(...)
Decolou e, voando ela ficou por horas.
(...)
Era um ser cheio de não querer ser.
Ser sem sentir.
Sentir por querer.
Querer sentir sem querer ser.
Sem querer sentir, sentir!
E ela sentia! Sentia muito!
Sem querer, ela queria.
Ela queria ser.
E ela era!
(...)
A melhor parte era distrair-se.
Flutuar, viajar.
Sorrir.
Se abrir para a vida.
Discutir. Interagir. Ouvir.
Discursar!
Era uma imensidão de universos.
De sensações.
De sentimentos.
De amores inacabados.
De medos insolúveis.
De histórias infelizes. De histórias divertidas.
Infinitas verdades.
Infinitas mentiras.
Infinitos sorrisos.
Era tudo infinito!
Eternas lembranças, saudades e eternas paixões.
“Eterno” é só um estágio da mente.
Mas a mente não é infinita?
(...)
Despertou e a realidade lhe fez franzir a testa.
Roçou os olhos, confusa.
Uma vida resumida em viagens p’ra lugar nenhum.
Insana solidão!