Das essencialidades (21)

...sempre desconfiei das palavras você sabe pai, as palavras são seres desconfiáveis, sopráveis, ora levitam, ora afundam, você nunca sabe quem realmente as sopram, balões pelos céus das bocas, é tempo de verbos seriais, manufaturados midíaticos, a palavra não mais habita a poeira cósmica das celuloses das páginas , metálicas, refulgem néons, emulam, elas não mais dizem o indizível, habitam infinitos andares na grande torre de Brughel e mesmo quando coabitam lado a lado não se entendem, e cada vez mais erguem-se torres , grande jardim de concretudes da palavra, neo-concretais verticais e horizontais sinais , fragmentários grunhidos, lembrei de Wittgenstein,...e o amor, ah, as palavras de ontem se colam, recolam-se ... De Chirico sinaliza, Orfeu perdeu o rosto, camaleia... O sujeito da modernidade é desedentificável...