Os Sapos

Enfunando os papos,

Saem da penumbra,

Aos pulos, os sapos.

A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,

Berra o sapo boi:

_"Meu pai foi a guerra!

_Não foi! _ Não foi não!

O sapo tanoeiro,

Parnasiano aguado,

Diz:_ Meu cancioneiro

É bem martelado.

Vede como primo

Em comer os hiatos!

Que arte! E nunca rimo

Os termos cognatos.

O meu verso é bom

Fremente sem joio.

Faço rimas com

Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos

Que lhes dei a norma:

Reduzi sem danos

As formas a forma.

Silas Mafra
Enviado por Silas Mafra em 07/08/2014
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