OS QUE ME JULGAM



 
          Os seres que me julgam, os seres do meu mundo que me julgam, sempre inapelável e implacavelmente, sempre sem brechas no próprio julgamento (graças ao bom Deus não são, eles, a totalidade dos seres do meu mundo: há os que não o façam), tais seres não me conhecem, nunca me conheceram e, pelo que tudo indica, para minha miserável dor e quase assassina agonia, jamais me conhecerão. Minha vida tem sido sobreviver aos seus julgamentos e às consequências desses julgamentos, duas delas, consequências, este sempre presente silêncio e esta sempre presente solidão. Hei de sobreviver, hei de. Que um Deus os ilumine, a todos e a cada um desses seres. Que um Deus os ilumine.  Amém. Amém.