Vida (de)trabalho (de)masiado

Um dia desses qualquer é sempre quando o sol castiga insolentemente

Durante a caminhada cotidiana em busca de algum tipo de resposta decente

Trabalho e suor tomam o lugar da plenitude do ócio

Escravizam e viciam as pernas e braços e mentes fazendo com que sinta ódio

Se o sono pesa, o café resolve; se a paciência esgota, o medo do bolso vazio transforma

Presos em teclados e telas e olhos cansados de ver números e números e números sem forma

Fim do mês e a felicidade instantânea se desfaz em parcelas e prestações

Uns copos de cerveja no bar depois do futebol para esconder as frustrações

E a segunda se levanta mais cedo com mais raiva e mais cinza que o habitual

Então o sol aparece novamente e mesmo assim o tédio consome todo aquele ímpeto de liberdade inerente ao instinto animal