Domine, ut videam! (Lc 18,41)

Senhor, que eu veja! Assim o cego Bartimeu expressou a Jesus seu grande desejo. E foi essa certeza de Bartimeu que trouxe-lhe o olhar atento de Jesus e sua ação revigorante e restauradora. Restaurar é o verbo que precisamos conhecer, buscar, desejar e conjugar em nossa vida. Bartimeu pediu a oportunidade de restauração quando pediu: Senhor, que eu veja!

A vida nos oferece diversas oportunidades de cegueira. Ficamos cegos a tanta coisa, e essa cegueira assume proporções que acabam por nos cegar também o coração, e isso nos ofusca atitudes de carinho, caridade, perdão, amor... Nos tornamos ríspidos e insensíveis, arrogantes e indiferentes...

Vivemos uma realidade mundial de extrema irresponsabilidade social, desigualdade social, indiferença social; irresponsabilidade, desigualdade e indiferença econômica, religiosa, civil, entre outras tantas. E diante dessa realidade nos tornamos cegos, apáticos, irrepreensíveis. Reclamamos desta ou daquela dificuldade e ignoramos quantos dos nossos semelhantes passam por situações piores que a nossa e não têm a mínima condição de enfrentá-las, mas lutam por enfrentar.

A cegueira que nos atinge impede que vejamos pessoas passando fome quando jogamos alimentos no lixo; impede que vejamos pessoas sem calçados nos pés quando compramos mais um par de sapatos que se unirão a outros tantos que mantemos guardados há anos e não usamos; impede que vejamos uma pessoa que pede ajuda quando desfrutamos gastos desnecessários pelo prazer de gastar.

Precisamos ser capazes de pedir a magnitude de restaurar a visão, como o cego Bartimeu. Romper as barreiras do preconceito, da mesquinhez, da indiferença, da arrogância, da soberba, do desamor, da ignorância... E abrir o coração pedindo “Senhor, que eu veja!”, que eu veja que caminho seguir sem prejudicar ninguém, mas que ajude aqueles que aparecerem neste caminho; que eu veja as mãos estendidas e estenda também a minha para que se unam; que eu veja a alegria do servir, do doar, do perdoar, do amar, e possa ser um servo que se doa, perdoa e ama por viver e partilhar sempre a alegria.

Não fiquemos cegos, mas vejamos. Não fiquemos cegos à vida, enxerguemos nossas atitudes, pensamentos, palavras... Num grito de libertação da cegueira que se apresenta na mentira, inveja, indiferença, rispidez, arrogância... Peçamos, como Bartimeu, o sorriso de Deus presente na liberdade de viver a verdade, o carinho, a bondade, a alegria, a partilha, enfim, a liberdade de viver o Amor e suas melhores conseqüências. Tenhamos a coragem de nos lançar num único grito: Senhor, que eu veja!

Toninho Miguel
Enviado por Toninho Miguel em 21/05/2007
Código do texto: T495875
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