NÃO POSSO TENTAR SABER



 
     Não posso tentar saber de ti, embora essa ausência total de sapiência sobre o teu agora faça de pungência as horas quase todas da minha alma. Se eu der um passo rastro atrás agora, estou perdida, começo tudo outra vez e eu, em nome de alguma sanidade, em nome de alguma ainda esperança de dia claro, o possível de claridade possível, não devo dar esse passo. Não devo, não posso.O vazio de não poder saber o que quer que seja de ti me engole quase todas as horas. Quase, e neste quase está tudo de que me posso dispor neste agora de minha vida. Deus, como foi possível se chegar a isso? Como foi possível, Senhor meu Deus? O azul mesmo sem nenhum remédio mais: "aquele" azul. E as outras cores? Ai, Pecados Meus! Ai, Pecados Teus! Seja como for, Poderes do Alto, não abandoneis esse homem cuja vida, cujo destino me importam tanto, sempre me importarão. Em segundo nenhum o deixeis só, Seres das Puras Esferas. Esse homem que  há... séculos tem sido o imperador na minha alma e no meu coração, mas, precisei partir... precisei partir... precisei partir. Só parti porque não tive mais nenhuma outra escolha, nenhuma outra mesmo e tu o sabes, homem, tu o sabes muito bem, como sabes, também, que não te restou o direito de me cobrar pelo que quer que seja nesta vida. Não te restou mais. Esta liberdade é o vazio que gela como o último dos círculos do Inferno de Dante. Fui para essa liberdade porque não me deixaste nenhuma outra escolha, senhor. Tu o sabes, tu o sabes e como! Livre estou de liberdade que me gela em quase todas as horas, no mundo em que só prisioneira sou e estou. Até que tudo mude em mim.