Quimera

Necessito assistir você. Chegando devagar.

Quase uma visão onírica.

Largos e marcantes passos de um homem.

Que embala meu sonho.

Devaneio.

Não sei mais se estou acordada.

Ao constatar sua presença me sinto latejar à penumbra da sala convidativa; te ver parar lentamente à minha frente.

Intimidador.

Teu olhar me cerca de ponta a ponta.

Fotografa. Registrando cada pedaço meu. Em detalhe.

Ao meu lado se senta, a me fitar.

Ao doce som de uma música lúbrica vejo-o chegar mais próximo, cada minuto mais e mais.

Sinto já você em mim, com a força da minha fantasia, embora ao mínimo sinal de tão ébrio seja quase insuportável.

Até o momento em que posso sentir sua respiração em minha nuca.

Você está ali, é real.

Sabe exatamente onde está.

Eu não preciso te convidar.

Seus lábios quentes vem devorar os meus, num esperado porém súbito encontrar de mundos.

Principiando a tornar-se intenso, mais e mais.

Meu coração palpita, é quase uma dor.

Ver você despir peça a peça.

Puxando meu vestido sem pressa, arrancando minhas meias e sapatos, sentindo cada segundo da muda euforia.

Eu já me rendi à sua primeira respiração.

Num momento arrebatador sou tocada em cada curva, suas firmes mãos, másculas, soberanas o guiam sem receio nem pudor por cada linha sinuosa.

Tudo em mim se arrepia, cada centímetro de pele.

Imobilizada por suas mãos, sinto sua boca a me explorar.

Revivendo cada pedaço do meu ser adormecido.

Pelo entusiasmo de me ver corar, suspira em deleite.

Eu sei te mostrar.

Como enfeitiçar.

Te embriago. Me perco em seu corpo.

Meus lábios comandam seu prazer.

Só eu e você. Após flashes ardentes, o mais ansiado.

A invasão.

Adentrar minha privacidade sem permissão. Com solidez e rudeza.

Sem arrependimentos nem perdão.

O bailado se inicia.

Um momento sagrado de renascimento.

Em ousadia vivaz a plenos pulmões; ganidos desmedidos.

Não há mais controle. Só delírio.

Minha voz é como música para teus ouvidos molhados ligados a meus lábios trêmulos.

Agora suspirantes em impetuosidade. Arrebatamento.

Flutuamos nessa altura como amantes.

Sem pertencer a nada mais.

Horas parados no tempo.

Como uma árvore firme que resiste ao vento.

Meus cabelos firmemente seguros por suas mãos.

Me regendo, faz do meu corpo teu domínio.

Sua cabeça acomete meu colo, se recosta suavemente contra meu peito.

Feito área sua agora.

Sinto você meu. De mim depende seu auge.

Um segundo imaginário de volúpia.

Não há mais nada; a vida, ou o universo, apenas há loucura.

Nessa vigente aventura selvagem infinitamente sou sua.

Helena Dalillah
Enviado por Helena Dalillah em 16/09/2014
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T4964183
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.